João Graça: A História do Tenista Algarvio nos EUA
- Sara Sousa
- 30 de mai.
- 4 min de leitura
Entrevista exclusiva com o tenista português que trocou o sol do sul pelo sonho americano.
João Graça é um exemplo inspirador de como essa jornada pode transformar vidas. Natural de Faro e apaixonado por ténis desde cedo, o João trocou o Algarve pela Louisiana, onde iniciou o seu percurso universitário e desportivo, com o apoio da Next Level. Hoje, partilha connosco, de forma descontraída e honesta, os momentos mais marcantes desta aventura: desde o choque cultural nos primeiros dias, às vitórias emocionantes em court, passando por amizades improváveis e desafios superados com coragem.
Se estás a pensar seguir o mesmo caminho ou apenas queres espreitar os bastidores da vida de um estudante-atleta nos EUA, esta entrevista é para ti.

João, lembras-te do momento em que soubeste que ias mesmo para os EUA?
Foi em pleno COVID. Estava em casa, claro, e quando finalmente assinei o contrato, senti uma mistura de emoções: entusiasmo, nervosismo, mas acima de tudo, percebi que estava a tomar uma decisão que ia mudar a minha vida.
E o que é que levaste na mala que não podia mesmo faltar?
As minhas raquetes, claro.
Tiveste algum choque cultural logo nos primeiros dias?
Para além da língua, foi a comida! Os restaurantes eram completamente diferentes do que estava habituado. Chegava a ser difícil perceber o que estava a pedir.
Como foi o teu primeiro treino nos EUA?
Muito diferente de Portugal. Há uma grande cultura de team building, os treinos são menos individuais e muito mais centrados na dinâmica de grupo. Foi uma boa surpresa.
O desporto universitário nos EUA é mesmo assim tão especial?
Sem dúvida. Eles vivem o desporto universitário como nós vivemos o futebol. Em Portugal nós somos do sporting ou do Benfica, por exemplo, lá as pessoas apoiam a universidade como um clube. Na minha universidade, o estádio de futebol levava 105.000 pessoas. E enchia! É mesmo uma cultura incrível!
E a nível de apoio recebido, tanto a nível académico como desportivo?
Tinha uma tutora sempre disponível, 24/7. Se precisava de falar com um professor, ela resolvia. No desporto, as infraestruturas são de outro nível. Tinha disponíveis fisioterapeutas, treinadores, preparadores físicos… tudo com muita qualidade.
Tiveste algum jogo marcante ou uma vitória que nunca vais esquecer?
Em Vanderbilt, ganhei o clinch match a 3-3 e resolvi o jogo. Ver a equipa toda a correr e depois celebrarmos a vitória foi uma das minhas melhores experiências, foi inesquecível.
Alguma história engraçada do campus?
Fui vizinho da Livvy Dunne. Na altura era só uma estudante normal… hoje é uma das pessoas mais famosas dos EUA!
Qual foi o teu prato preferido na cantina da universidade? E o que é que sonhavas comer quando vinhas a Portugal?
Apaixonei-me por crawfish, um prato típico da Louisiana, um prato muito típico de Louisiana que aprendi a gostar e desde então sou fã. Quando vinha a Portugal sonhava com um peixinho assado no Algarve!
Fizeste amigos para a vida?
Sim. Muitos. E alguns já vieram visitar-me cá.
Decidiste mudar de universidade a meio. Porquê?
Foi difícil, mas comum. Mudaram os treinadores e muitos colegas saíram. Decidi mudar e foi o melhor que fiz. Fui para uma universidade com excelente localização e um grupo de pessoas incrível.
O que é que mudou em ti desde que foste viver para os EUA?
Mudou tudo, é uma experiência que quer queiramos quer não nos muda para sempre. Eu pessoalmente acho que me mudou para melhor, a minha forma de ver as coisas, todas as aprendizagens que tive não só dentro do campo como fora, os desafios a que estamos sujeitos como estudantes estrangeiros, as amizades, muita coisa. Cresci e evoluí.
Que conselho darias a um jovem tenista português que está a pensar seguir o mesmo caminho?
Para todos os jovens tenistas que pensam embarcar nesta jornada eu diria que não se vão arrepender. Não tenham medo. Vale mesmo a pena. Seja qual for o vosso objetivo, é uma decisão que não fecha portas a nada. Pelo contrário, abre-as.
Há algo que gostavas de ter sabido antes de ir?
Talvez que alguns step backs iam me levar a coisas melhores, e que ninguém tem experiências 100% positivas. Faz parte do processo!
Qual foi o maior desafio que ultrapassaste desde que foste para os EUA?
No meu 4o ano, parti o pé. Depois da operação, toda a recuperação foi desafiante. Consegui, voltei a competir ainda antes de acabar a época e ainda ajudei a equipa.
João, se pudesses falar com o "João de 17 anos", o que lhe dirias?
Dizia ao João de 17 anos para não ter medo porque vai ser uma experiência incrível e que no final vai valer a pena todas as horas de treino, estudo e todas as histórias que ficaram para contar…
E agora... qual é o teu próximo sonho?
Ter sucesso como profissional de ténis. E um dia jogar um Grand Slam.
A história do João é uma prova viva de que o desporto pode ser muito mais do que competição. É crescimento pessoal, descoberta cultural e um trampolim para o futuro. Com simplicidade e muita verdade, o João mostra que vale a pena arriscar, mesmo quando o desconhecido assusta. E quem sabe? Talvez, depois de leres esta entrevista, o próximo a fazer as malas sejas tu.
Se quiseres saber mais sobre como estudar e competir nos EUA, fala connosco. Estamos aqui para ajudar-te a escrever a tua própria história.
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